segunda-feira, 30 de junho de 2008

Produtos em promoção.

Minha formação acadêmica não é em psicologia, muito menos psicologia de comércio ou de mercado, mas, às vezes, os anos de experiência como consumidor ( ou a ranzinzice que nos toma com a idade) nos permitem certas observações e comentários: Entrei em uma loja, daquelas de Shopping, super bonita e organizada – loja que eu não gosto de entrar aos domingos, pois me deprime saber que o esforço que faço, numa segunda-feira de trabalho, não cobre sequer o sorriso plástico do funcionário que se dirige a mim: “pois não, posso ajudar, qualquer coisa meu nome é fulano.” Se bem que essa que entrei ninguém me perguntou nada. Passeio pela loja e vejo vários produtos, calçados que custam mais ou menos meu salário, camisas que custam mais ou menos um terço , um gorro ou toca que custa uns dez por cento do já referido. “Se eu estivesse nu, no dia do meu pagamento e tivesse de me vestir, com certeza ali eu teria de escolher entre usar calça e sair descalço, ou quem sabe, calçar-me e sair sem calça.
Bem, observo que no meio da loja encontra-se uma banca com uma pequena tabuleta escrita PROMOÇÃO, aproximo-me e observo que se trata de uma banca de tênis, “que bom” pensei, comecei a revirar em busca de algo que fosse de meu interesse, “nossa que trabalheira, eu ali curvado como um garimpeiro de Serra Pelada”. Parei, olhei ao meu redor e o que pude observar foi uma loja com extrema organização: calçados nas prateleiras, calças em outras, camisas em cabideiros, por que então somente eu, com um tênis na mão, trabalhava em encontrar o outro pé que completasse o par? Produtos em promoção não devem estar organizados? Quem os compra merece trabalhar para compensar a redução do preço? Se é que há alguma redução. Ergui-me como um monstro do pântano, alinhei minha postura e saí como quem pretende dar o troco da ofensa, do desrespeito, ou simplesmente um álibi de quem está aquém de tal consumo: “Aqui não compro!”.

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