domingo, 15 de junho de 2008

Niilista.

Era uma manhã como outra qualquer, no entanto não podia observar o quanto aquele dia poderia ser quente, quente, quente, não sabia nada e imaginava... Esse é o primeiro momento no amanhecer de nosso personagem, isso porque
Ele não estava assim, com muita vontade de raciocinar, na verdade meu caro amigo, não estava com vontade de nada. Reinava em sua alma um torpor, um desânimo, um não querer, sem querer mesmo, sem bem nem mal querer, só o nada. O dia acordou ou a vida inevitavelmente circula em suas veias, fazendo o princípio mais negativo de sua existência que é não poder decidir o bater em seu peito,nada é tão antidemocrático do que viver involuntariamente.
Levantemos.

Fomos até o banheiro e lá o mesmo cheiro de material de limpeza, a nossa cueca no travessão da cortina, tudo dessa forma , tudo da nossa forma, estática e nada mais. Na verdade, nossas coisas são nossos reflexos. Estão ali parados esperando que algo nos faça sair da inércia. Esperamos como uma bola de gude parada no triângulo esperando pelo baque e a movimentação involuntária.
Tomemos café.

O mastigar com a boca aberta nada mais detestável para a sociedade civil, nada mais insolente do que mastigar o alimento sagrado mostrando as gengivas secas de pão. Secas como a vida que nos espera fora de casa. Seco como o caminho de casa ao serviço rotineiro.

Conversemos com os amigos

Estamos com o desprazer de Ter de ouvir os comentários do programa de tv da noite anterior, um rádio moribundo que invoca as forças malévolas para depois expeli-las e glorificar-se em nome de outrem o poder que lhe foi concedido, como se isso os fizessem super-heróis. Besteira. São vítimas de sua própria capacidade do mal.
Isso tudo sem falarmos da vida alheia, a secretária que sai com o patrão, a filha do chefe do almoxarifado que engravidou aos dezesseis e o irmão que é ótimo em matemática mas fuma maconha. Tudo bom, pelo menos nada muda e isso faz com que não precisemos nos surpreender, o que já seria por demais estafante. Nada, palavra perfeita para nós que respiramos e pronto, num planeta em que ser nada muita das vezes é Ter tudo e Ter tudo lhe confere o máximo do status embora seja um nada.
Bem, nossa vontade é do nada, nada, nadamente se me permite o poeta.

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