segunda-feira, 16 de junho de 2008

O Espetáculo da Morte.



Quem pertence a minha geração ( tenho 34), deve-se lembrar que ao morrer um vizinho, um amigo ou até mesmo um desconhecido, ocorria um imenso alvoroço. A morte era espetacularizada. Um pouco mais tarde, aprendemos a semântica da palavra CHACINA, infelizmente na prática, e a partir daí tivemos o pior: Se nos anos 80 a morte ainda era um grande circo e achávamos isso pavoroso,hoje ela não instiga nenhuma estranheza. Contudo, este mesmo “ibope” dos anos 80, ainda representava algum resquício de indignação, e isto não precisava ser sensacionalizado pelos veículos de comunicação, que hoje nos massacra todos os dias com notícias vis, a fim de tornar um enredo trágico da vida em algo que possa render capítulos e com isso alcançar suas metas, com informações fragmentadas a 50 centavos ao dia.
Não quero aqui discutir a imprensa marrom, verde e/ou amarela, quero abordar um fato: a banalização da morte. Os noticiários se tornaram tão sangrentos, que parecem roteiros de cinema trash. Infelizmente o que posso observar é que longe das lentes de um cinegrafista, muitas e muitas pessoas são vítimas de atos brutais e sequer as autoridades competentes tomam conhecimento ou têm condições de resolver.
Bem, estamos diante de um grande problema, pois se por um lado a imprensa cumpre o papel (hoje, demasiadamente na minha opinião) de denunciar, por outro a mídia,na história da vida real, nos cria capítulos,“personagens” e na maioria das vezes anti-heróis, fazendo com que matar ou ser assassinado sejam partes natural de nosso cotidiano.
Recentemente, fui apresentado a um vídeo de uma autópsia, naturalmente uma ciência necessária para identificar as causas de um falecimento, ou assassinato. Natural, se não me fosse apresentado num celular de um aluno do primeiro ano do Ensino Médio, e não era nem de enfermagem, o que até poderia servir de justificativa pelo interesse sangrento. Uns dez minutos, uns quatros corpos abertos sobre as mesas, extração de órgãos, muita carne humana e sangue. O final do vídeo? Não consegui assistir nem a metade. Mas o aluno ria e dizia “o cara é bom na faca”.

Um comentário:

Unknown disse...

Quem diria que o maior matador de aula do colégio José do Patrcínio iria virar professor de alguma coisa que não fosse de TOTÓ. Professor de português! Que alegria que senti qundo soube disso. Você me mostrou que até os grandes jogadores de totó podem ser algo um dia. Parabéns pelo talento, adorei os testos que lí.
Sheila, mãe do seu aluno Marcos fofoléte.