quarta-feira, 30 de outubro de 2013

IMORTAL CONFRONTO (meio papo,meio resenha)

 

 

Vários motivos para discorrer sobre essa banda, sobre sua luta e sobre seu mais recente trabalho.  Estive com Chehuan (Felipe – vocal) no último dia das crianças, fui buscar com ele (igual criança que pega doce) o mais recente trabalho de sua banda (CONFRONTO). Trabalho este que se chama IMORTAL.

De cara, vou falar sobre a coragem que vai desde por um nome que sugere em princípio que ideias ou ideais são antagônicos, pois daí que parte o termo confronto. Não existe confronto se as ideias ou os ideais conviverem harmonicamente. Então, por si só, o nome da banda já é um convite à resistência. Segundo ato de bravura é o de se aventurar pelo mundão a fora (principalmente Europa) cantando em português, o que muitos acham difícil de fazer dentro de seu próprio país, esses caras fazem fora de nossas fronteiras.

No passado, lembro de ter me “esbarrado” com o Chehuan algumas vezes, não lembro em quais circunstâncias, e lembro também, da época em que fundei minha primeira banda, de ouvir falar de que alguns rapazes haviam fundado uma banda de rock pesado, e põe pesado nisso.

Costumo ter enorme respeito sobre todos que pautam seu trabalho na busca pela qualidade, que buscam a sua vitória sem esquecer de suas origens, e também, sem negá-las. Com isso o Confronto sempre conquistou meu respeito.

IMORTAL

“Pé na porta, soco na cara”. Brutal,  bateria precisa, arranjos muito bem bolados de guitarras e baixo e um gutural das cavernas. Mas nada disso seria tão pertinente se não fosse o conteúdo das letras. É bom lembrar que a miséria que vivemos hoje é fruto do esquecimento do poder, fruto do abandono de excluídos, fruto dos libertos das senzalas que continuaram, mesmo alforriados, sem acesso à dignidade. E nesse aspecto o CD IMORTAL vem bem trabalhado, com letras que falam de nós na atualidade (oprimidos, pobres, viventes do lado esquecido do Estado, quiçá do país)mas que nos remetem também ao passado de escravidão e subjugo. Refrões fortes é uma marca desse trabalho e frases como:

“Quem se mantém fiel, Imortal” / “O escravo se levanta, o império vai morrer”.

“Aqueles que trabalham, a vida em 1 h.”

“Eu sei, o inferno é meu!!!”

Poderia citar aqui tantas outras…

Lembrei-me do dia que um amigo meu se antecipou em responder em meu lugar do que eu gostava, ele disse assim: “ O Aranha é essa porra aí, protesto, protesto. A banda dele é isso aí.” srsrsr Nesse aspecto, prefiro mil vezes todos que tem algo que tente trazer à tona um pouco de questionamento do porque somos tão pobres e esquecidos… porque nos mantém (eles do poder) na ignorância e na manipulação da cultura. Mais do que uma aula de metal, de core, de peso, de  guitarradas e cavalgadas na bateria. Imortal é uma aula de história e cidadania.  Fala deles do Confronto, mas fala de mim, da minha família, da sua família, do nosso povo, do nosso legado de miséira e da luta que travamos todos os dias para permanecermos vivos. E ainda mais, da luta de devemos travar se quisermos que algum dia essa história toda tenha outro fim. Talvez nem por nós mesmos, mas para nossos filhos, netos, bisnetos. “Eu sei, o inferno é meu” mas que eles (nossos descendentes)tenham, através de nossas constantes batalhas e CONFRONTO’S, um reinado de paz.

Forte abraço a todos.  A força está em nós.

WP_20131031_009

Nenhum comentário: